Caros Anreadenses,
Caros S. Romanenses,
É chegada a hora de vos dirigir as últimas palavras enquanto Presidente da Junta que o fui durante 16 anos da minha vida. Nessa qualidade, tive – juntamente com o meu executivo – a honra de abraçar, com determinação e profundo sentido de missão, o maior desafio da nossa vida pública: servir este território único, onde pulsa a história, a cultura e a identidade de Anreade e de S. Romão. Foi, sem dúvida, a responsabilidade mais exigente que assumimos, mas também a mais gratificante.
Chegando ao final de um ciclo de 16 anos, 4 anos à frente da Junta de Freguesia de Anreade e, posteriormente, 12 anos à frente da União das Freguesias de Anreade e S. Romão, é tempo de olhar para trás e fazer memória da obra realizada – tanto a visível, materializada em equipamentos e infraestruturas, como a imaterial, inscrita no coração das pessoas e na memória coletiva da comunidade.
Ao longo deste percurso, enfrentámos desafios inúmeros e significativos, que confirmam a importância de registar este Balanço de Mandatos (2009-2025). Ainda que muitas intervenções não caibam nesta edição, todas se encontram devidamente registadas nos livros de atas, que fazem parte do património institucional da Junta.
A nossa prioridade foi sempre clara: as pessoas. Não fizemos distinções entre freguesias, porque para nós todos tiveram igual importância e mereceram o mesmo empenho. Atuámos com sentido de proximidade e procurámos sempre responder às necessidades mais urgentes, sem esquecer a construção de respostas duradouras e estruturantes.
No campo social, criámos redes sólidas de apoio, em parceria com instituições como a Associação MiguelAnjo, as IPSS’s e o Município de Resende, fortalecendo a intervenção comunitária e garantindo apoio a quem mais precisava. Esta é, sem dúvida, uma das marcas mais visíveis da atuação da Junta: estar presente e nunca deixar ninguém para trás.
No espaço público, transformámos a freguesia. Hoje, quem percorre as nossas ruas encontra um território mais cuidado, mais bonito e mais funcional. Entre os investimentos mais relevantes, destacam-se: a valorização da Ribeira da Cesta em Caldas de Arêgos; a requalificação do edifício Sede da Freguesia; a Casa Mortuária de S. Romão; a Zona de Lazer da Granja; o Parque Infantil de S. Romão e o Parque Infantil de Arêgos. Ao nível da higiene urbana – um dos maiores desafios –, fomos além das nossas competências formais, colaborando com a Câmara Municipal e, muitas vezes, colmatando falhas, porque sabíamos que o bem-estar da população passava também por uma freguesia limpa e digna.
Grande parte das obras foi financiada integralmente pela Junta, através de uma gestão rigorosa e responsável de um orçamento acumulado de cerca de 1,5 milhões de euros. Outros projetos resultaram do Contrato de Delegação de Competências com a Câmara Municipal de Resende, permitindo intervenções mais ajustadas às necessidades locais e mais eficazes para a comunidade.
Mas não vivemos apenas de obras físicas. A valorização das pessoas e da identidade coletiva foi sempre um eixo central. Homenageámos os combatentes da Guerra do Ultramar, que em nome de todos nós deram o melhor pela Pátria; homenágeamos antigos Presidentes da Junta, na requalificação da sede da democracia local; criámos a galeria dos presidentes, mandatos e equipas; prestámos justa homenagem ao Dr. José Dias Gabriel, não sendo natural da freguesia, a ela se dedicou como se fosse sua; celebrámos o Reverendo Pároco Dr. Joaquim Correia Duarte pelos seus 50 anos de sacerdócio, aprovando ainda um Voto de Louvor pelo seu contributo para a história e identidade da nossa terra. Cada homenagem foi um ato de reconhecimento e gratidão, porque acreditamos que a história se constrói também com memória e com justiça.
Também no campo da educação e da vida comunitária estivemos sempre presentes. Durante a pandemia, apoiámos encarregados de educação e crianças com materiais escolares, equipamentos e serviços de apoio às famílias. Incentivámos os mais novos a participar na vida comunitária e criámos oportunidades para experiências pedagógicas, culturais e de lazer. Foi neste espírito que nasceu o “Pelouro da Felicidade”, projeto dedicado a todas as idades, que promoveu o encontro entre gerações e o combate ao isolamento.
Deste pelouro ficaram momentos inesquecíveis: as duas edições da Glow Party em Caldas de Arêgos; os 10 Passeios anuais, que levaram centenas de pessoas a descobrir o país; as 7 edições dos Passadiços, que incentivaram a hábitos saudáveis; as várias Feiras da Mala Aberta; os concursos, passatempos e festividades; o programa “Fazer Brilhar o Natal”, com festas abertas a todas as idades, decoração natalícia, distribuição de bolo-rei e lembranças; e, em tempos difíceis de pandemia, a entrega de máscaras e álcool gel em todas as casas da freguesia. Cada iniciativa foi pensada para criar laços, promover a felicidade e reforçar o sentimento de pertença.
No domínio da segurança e da proteção civil, fomos uma voz firme nas preocupações da população. Alertámos para situações críticas, colaborámos com os agentes locais e nunca abdicámos da defesa intransigente de quem aqui vive.
A cultura, por sua vez, foi celebrada com orgulho. As Marchas Populares da Festa da Cereja, as festas em honra dos Padroeiros – S. Miguel, S. Romão e as Padroeiras de Caldas de Arêgos – e tantas outras iniciativas comunitárias foram expressão viva da nossa identidade. Sempre com as associações e coletividades ao nosso lado, porque sem elas nenhuma programação cultural seria verdadeiramente representativa da nossa freguesia. Essa mesma rede associativa foi também essencial na área do desporto, promovendo estilos de vida saudáveis, combatendo o isolamento e reforçando a coesão territorial.
Quero ainda destacar uma obra há muito aguardada, que atravessou décadas de expectativa: a criação de um espaço central com estacionamento, de apoio às atividades da freguesia e da paróquia, bem como a melhoria do acesso à zona empresarial de Anreade. Muito se falou sobre este projeto ao longo dos anos, mas o atual executivo, em articulação com o Município de Resende, deu passos decisivos ao coloca-lo no papel. Após várias tentativas de negociação com os proprietários, foi necessário avançar para o processo da expropriação. Assim, foi elaborado o projeto de arquitetura e todos os elementos técnicos, entretanto aprovados pelas Infraestruturas de Portugal. Graças a este esforço, o projeto encontra-se hoje num estado muito avançado de maturidade, preparado para ser concluído pelos vindouros e tornar-se uma realidade que marcará o futuro da freguesia.
Chegados a este momento, é inevitável olhar para trás com emoção e com serenidade. Fizemo-lo sempre com as pessoas no centro das decisões, com compromissos firmes e com atenção às necessidades reais.
Deixamos um agradecimento profundo a todos os que caminharam connosco: Assembleia de Freguesia, trabalhadores, parceiros institucionais, associações, fregueses e comerciantes. Uma palavra muito especial para os nossos colaboradores diretos (e todos os que por aqui passaram) – Arnaldo Melo, Sandra Moura e Vera Alexandre – pelo profissionalismo, dedicação e orgulho que colocaram em cada gesto. O vosso contributo ficará para sempre ligado ao trabalho desta Junta.
Estou certa de que Anreade e S. Romão continuarão a ser territórios de referência no concelho de Resende. Este não é um adeus, mas sim um “até já”, porque a ligação que temos a esta terra é maior do que qualquer mandato e este laço que nos une permanecerá inquebrável.
Foi uma honra servir-vos. Obrigada pela confiança, pelo apoio e pela partilha ao longo destes 16 anos!
Com estima e gratidão,
Pelo executivo da Junta de Freguesia,
A Presidente,
Sónia Pinto